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Sou um cara velho e fiel

Na verdade, acho que sou alguém com sérias dificuldades em experimentar novidades, mesmo as mais tentadoras.

Pode ser coisa de velho.

Mas repito alguns comportamentos e prazeres pessoais há muitos anos, sem que isso seja motivo de tédio.

Sempre vou aos mesmos restaurantes e lá sempre peço os mesmos pratos.

Quando compro, sempre vêm à sacola as mesmas marcas de tênis e de roupas.

Quando bebo, a bebida é a mesma. O horário e o local também.

Pode ser coisa de velho, eu sei.

Ontem me peguei refletindo sobre isso, depois de estudar algumas boas horas de informativos do Dizer o Direito.

Claro, organizados por número/ano, impressos, encadernados e sempre na versão comentada, tal qual fiz há dez anos quando estudei para procuradorias.

Ao lado dos informativos encadernados, uma pilha de livros-base, todos do gênero "esquematizado", "manual" ou "sinopse"; na outra, doutrinas mais densas e códigos comentados, ambos para consulta apenas.

E sobre eles, por onde já passei, acabei deixando as mesmas pegadas: grifos, anotações e marcações de página.

Em um misto de nostalgia e satisfação, pensei:

"Caraca, to fazendo exatamente o que fiz quando estudei para PGE/PI em 2014..."

As mesmas ferramentas sendo estudadas da mesma forma.

O objetivo agora é outro, mas tenho que confessar...

Não consigo me trair. Acho que é coisa de velho...

Embora as tentações da objetividade e do "passar o quanto antes" sejam realmente fortes, sou um cara fiel. 

Para mim, o que dá certo, mesmo sendo mais difícil, não cede espaço para o teste, que pode dar certo ou não.

"Dar certo" para mim significa seguir sem atalhos, o que envolve livros, leis completas pelo vade mecum (o de verdade, com folha de bíblia), e informativos comentados e impressos do Dizer o Direito. Um ou dois livros por semana e informativos no final de semana.

(Falando nisso, este parêntese é para você que está estudando jurisprudência por algum lugar que não seja o DoD: você está em apuros e talvez nem saiba. Cuidado).

Você pode, então, estar se perguntando por que eu sou dono de curso e vendo materiais resumidos, com fichas de jurisprudência resumidas e materiais de lei seca. A resposta eu dei no e-mail anterior, mas renovo aqui: é que isso serve para a maioria da qual não faço parte. E não tem problema nenhum se você faz.

Por isso, estou falando nessa série de e-mails para uma minoria vintage que, embora conheça suas preferências pessoais, foi seduzida pelas tentações multitudinárias próprias do mundo virtual. 

Logo, aqui vai um conselho apenas para você que entendeu ser destinatário da minha conversa: se você é alguém bastante convicto sobre as suas predileções pessoais, guarde-as, ainda que elas pareçam ser antiquadas ou pouco atrativas sob o ponto de vista cronológico.

Velocidade, ansiedade, "terminar logo", são elementos que podem servir bem para quem já tem uma boa base de estudos. E para os sortudos.

Caso você não seja "nem mel, nem cabaça", conforme-se com a necessidade de dar uma chance ao tempo e à segurança, que não estão nem aí para sorte ou azar.

Um abraço,

Do Caio de sempre.

Sobre o Autor

Caio Vinícius Sousa e Souza

Procurador do Estado do Piauí em 8º lugar (antes de terminar a graduação). Aprovado em 1º lugar no concurso de Cartório do TJ/MA (pendente fase de títulos). Mestre em Direito Constitucional (UFPI). Pós-graduado em Direito Constitucional e Direito Notarial e Registral. Coordenador, autor e coautor da editora Juspodivm.