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Revisões: o problema

Sem te conhecer direito, posso afirmar com boas chances de  acerto que você tem ou já teve alguma dúvida sobre como revisar.

O motivo disso também posso cravar: o medo do esquecimento. 

Devem ter te tocado algumas vezes angústias do tipo "não lembro o que estudei semana passada" ou "acho que não vou conseguir porque os assuntos escapam da minha cabeça".

Isso pode ter sido eleito por você como "o problema a ser resolvido" e, para tanto, talvez você tenha tentado alguma fórmula para encerrar de, uma vez por todas, a questão da revisão.

7, 14, 30, 60....

Ciclos de esquecimento com gráficos bem desenhados...

Artigos científicos "comprovando" que você esquece (?!)...

Aplicativos programados com algoritmos que te força o contato com algum conteúdo aleatório que você já viu...

Que problemão! E que sofisticação apresentam as soluções "perfeitas"!

Posso te confessar uma coisa, sem que você me julgue "o espertão"?

Pessoalmente acho que todas elas estão erradas.

E estão erradas porque escolheram o problema errado.

Ou pelo menos tratam o problema da forma errada.

Todas essas soluções bem sistematizadas estão preocupadas em manter a sua memória viva a todo custo, sem, no entanto, considerar o momento que você precisa lembrar.

Sinceramente, você acha que vai conseguir lembrar tudo a todo tempo? 

Sinceramente, você acha que precisa disso?

Se sua resposta for "sim", você está perdendo tempo estudando para ganhar R$ 30k/mês.

Você é um gênio que precisa ser honrado com algum nobel ou daí para mais.

Mas, sinceramente, você não vai conseguir e, sinceramente, você não precisa disso.

Para você que estuda para concursos e tem duas dezenas de disciplinas a memorizar, o problema do esquecimento deve considerar necessariamente um aspecto cronológico: quando você precisa lembrar? 

No mais das vezes, essa resposta coincidirá com datas de provas. Para você que acabou de começar a estudar elas estarão meses ou até ano adiante do seu momento atual.

Por isso, você que é iniciante, entenda: o seu problema atual não é revisão. Conforme-se com o seu status quo e reflita sobre como você pode melhorar a sua revisão no futuro.

Em outras palavras, hoje você só pode e só deve se preocupar com isto: o que devo fazer para ter boas revisões no futuro?  

Quem me conhece costuma dizer que sou bom de memória, sem saber que, na maioria das vezes, não lembro o que estudei há dois dias.

A minha diferença para você é que não me importo com isso.

Aliás, apenas me importo se - e somente se - tiver alguma data marcada que me exija lembrança atual (uma aula a ministrar, por exemplo).

É que o problema não é esquecer.

Nem você precisa de artigo científico ou gráfico para te dizer que você vai esquecer. Você vai esquecer rápido e, pasme, não há nenhum mal nisso.

Na verdade, o seu problema real é não lembrar no dia da sua prova.

Por isso, sugiro que você trate, na linha do tempo, o problema de lá para cá.

Pergunte-se quando será a sua "data-base para lembrança" e se preocupe tanto menos com revisão, quanto mais distante ela estiver. A hora é de amolar o machado, tarefa que pode ser bem traduzida pela etapa de preparação do material de revisão.

Por outro lado, considere a necessidade de revisar com mais intensidade, quando o "dia D" estiver se avizinhando. Nesse instante, a hora é de golpear a lenha com seu machado, que somente te servirá ao propósito, claro, se estiver amolado.

No próximo e-mail sobre revisões, pretendo devassar um pouco mais intimidade do problema.

Continue por aqui.

Um abraço,

Do Caio que esquece quase sempre, mas lembra sempre quando precisa.

Sobre o Autor

Caio Vinícius Sousa e Souza

Procurador do Estado do Piauí em 8º lugar (antes de terminar a graduação). Aprovado em 1º lugar no concurso de Cartório do TJ/MA (pendente fase de títulos). Mestre em Direito Constitucional (UFPI). Pós-graduado em Direito Constitucional e Direito Notarial e Registral. Coordenador, autor e coautor da editora Juspodivm.