Procure muletas (e não amuletos) - Cursos preparatórios para concursos | Themas Cursos ®

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Procure muletas (e não amuletos)

Em algumas das quase 20 mentorias que fiz esta semana precisei ser, enquanto dono de curso, contraintuitivo.

Conversei com alguns alunos sobre a importância da prudência na preparação para concursos públicos.

Tentei convencê-los de que candidatos de alta performance evitam confiar em recortes ou caminhos mais curtos do que o apropriado.

Eu sei...

Hoje em dia é profusa a quantidade de cursos, mentorias, bizus, dicas de rede social... 

Se forem considerados aqueles que o fazem de forma amadora, então...

O ambiente está poluído. Ninguém contesta.

O resultado disso é a busca desesperada pelo caminho mais rápido: estudar apenas os artigos de lei que mais caem; estudar apenas as súmulas "pintadas de vermelho", pois seriam as mais "quentes" para cobrança; estudar os temas doutrinários que foram questionados nas últimas provas e só eles...

Um dos alunos, inclusive, me surpreendeu com sua angústia:

- Caio, eu sempre estudo os temas que caíram nas últimas três provas, mas quando chega a minha vez vou mal...

Respondi no ímpeto:

- Ué, então você está seguro de que só irão cair na sua prova os assuntos das últimas três?

Pensei sem verbalizar que ele deveria ter aprendido essa bobagem em algum perfil de instagram da vida...

É que às vezes, mesmo com a boa intenção de simplificar o problema de passar em concurso público, algumas pessoas o reduzem mais do que deveriam.

É evidente que é possível acelerar o processo da aprovação e é claro que cursos e mentorias podem ajudar nisso.

Também é óbvio que o fator tempo importa e faz parte da equação, afinal ninguém quer estudar durante 10 anos para passar.

Mas tenha cuidado: como tudo na vida, para tudo há o momento correto.

Há tempo para priorizar a qualidade da preparação. Isso (i) requer o desenvolvimento de tarefas ativas de estudo, utilizando principalmente a escrita, além de grifos, marcações, esquemas e etc; (ii) exige um escopo de assuntos mais abrangente, incluindo até mesmo disciplinas menores; (iii) demanda foco na fixação do conteúdo e na criação de condições futuras de revisão, a partir da construção de material próprio.

Do ponto de vista mental, essa fase requer paciência, para que você entenda o demorar do processo; requer humildade, para que o seu estágio de preparação seja adequadamente definido, sobretudo se ele for inicial; requer controle da ansiedade, para que os seus olhos estejam fixados no hoje e que pensamentos do tipo "está muito longe para mim" não boicotem o seu processo.

Mas também é certo que há tempo para acelerar.

Em geral, essa época da preparação se confunde com a publicação do edital. É nela que, verdadeiramente, o fator cronológico assume importância acentuada. Diga-se de passagem, por uma razão óbvia: a prova está com data marcada e de nada adiantará programação de estudo que lhe supere.

Nesse instante, sim, faz sentido escolher os assuntos que serão revisados com mais intensidade e os que serão desprezados ou, pelo menos, revisitados a partir de questões. Faz sentido estudar apenas capítulos de determinadas leis ou súmulas das disciplinas com maior número de questões. Faz sentido ler apenas a lei seca de determinada matéria, sem estudar livro ou material doutrinário. 

Em última análise, faz sentido confiar na sorte.

Todavia, um pouco e cada vez menos: a cada preparação de reta final, você deve diminuir o campo de risco, desenvolvendo no passo seguinte estratégias mais conservadoras. 

Se não deu tempo para estudar as súmulas de todas as disciplinas neste pós-edital, no próximo certamente você deverá estudá-las. Se você só revisou metade dos capítulos de uma matéria secundária, no próximo não deverá faltar a revisão de nenhum. Se você estudou os informativos apenas do último ano, no edital seguinte você deverá voltar mais um ou dois anos.

Moral da história: tenha fé em amuletos apenas quando muletas não houver. A sorte, embora bem-vinda, não é capaz de sustentar a sua preparação.

 

Um abraço,

Caio. 

Sobre o Autor

Caio Vinícius Sousa e Souza

Procurador do Estado do Piauí em 8º lugar (antes de terminar a graduação). Aprovado em 1º lugar no concurso de Cartório do TJ/MA (pendente fase de títulos). Mestre em Direito Constitucional (UFPI). Pós-graduado em Direito Constitucional e Direito Notarial e Registral. Coordenador, autor e coautor da editora Juspodivm.